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quinta-feira, 20 de julho de 2017

O VÍCIO QUE AFETA O CÉREBRO
Artigo de Jair Donato 

Vejo uma confusão quando alguém afirma que o mundo virtual faz com que o relacionamento humano se torne mais frio. Muitos defendem que as pessoas estão cada vez mais isoladas devido à conectividade com o mundo nesta era pós-advento das redes sociais. Será mesmo? Ou, isso é uma questão de educação? Quantas pessoas perdem a disciplina e até o controle sobre si em função do uso do dispositivo eletrônico? Quantos mais usam isso como subterfúgio para esconderem-se de enfrentamentos às próprias dificuldades? 

Existem muitas pessoas que se aproximam, uns se reencontram, outros fortalecem amizades, enquanto tantos se casam, conseguem empregos, vendem serviços ou criam novas oportunidades saudáveis. Será mesmo a Internet uma condução negativa? É fato que muita gente mudou o hábito e acessa os dispositivos móveis, por vezes exageradamente. E são usuários de quase todas as idades, já que hoje esse é um meio comum para a maioria. Todavia, o que é importante avaliar é o impacto, não da tecnologia, mas dos hábitos e das atitudes das pessoas frente ao uso dela, geralmente sem controle. É essa desmedida que pode gerar diversos transtornos no comportamento. Isso é o que pode diminuir produtividade ou prejudicar relacionamentos, a falta de educação do cérebro.

Quero aqui fazer um alerta propício aos pais e educadores. Estudos recentes da neurociência, a ciência do sistema nervoso, evidenciam que não é somente o vício por jogos de azar, álcool, crack e demais substancias psicoativas que causa dependência. É uma realidade que hoje, adultos e crianças se tornam dependentes do uso do celular, por exemplo. Esses estudos mostram que devido o uso contínuo desse dispositivo eletrônico, o cérebro libera produção constante de dopamina no organismo. A comprovação de que isso causa dependência está no fato do cérebro liberar altas doses de dopamina, que é uma substância saudável, mas que em excesso provoca ansiedade, insônia e depressão, daí o que gera o vício de consultar o celular cada vez mais, sem foco e necessidade. Pensa no risco exposto às crianças, pois essa é uma dependência neuroquímica, mesmo sem ingestão de substâncias e que trás sérios riscos ao indivíduo. Gostaria que todos repensassem melhor sobre a noção de limites que dão a si mesmos e aos educandos. Quem educa não deve perder o foco sobre o que é causa, sem ficar mirando no efeito.

É incalculável o valor dos benefícios que o desenvolvimento tecnológico trouxe para o mundo, em todas as áreas da ciência e do saber. Contudo, se as pessoas se afastam nesse contexto, ou parecerem “frias” devido ao vício, é a falta da capacidade de se adequarem a esse novo estilo de vida, em que o mundo perde paredes e fronteiras e onde tudo se torna interligado. Prejudicial é a falta de equilíbrio do indivíduo e o despreparo para lidar com a tecnologia de maneira coerente, e não o contrário. Isso pode chegar ao ponto em que ele precise de ajuda, necessidade que nem sempre partirá da própria consciência. Esse é o alerta.

É natural que as mudanças ocorram. Mas, o que se torna antinatural é a falta de adaptação aos novos ritmos. Não há que culpar o avanço tecnológico, e sim superficialidade a que se propõe ao lidar com essa irrefutável mudança, que não deixará de existir porque no passado era diferente. É o adulto que precisa se reeducar para lidar melhor com essa realidade. Quanto às crianças isso não é nenhum problema, o que elas precisam é de limites bem definidos e orientação sobre o que é equilíbrio e adequação.

O foco deve ser na conduta do cérebro, o que é uma característica interna, e não na tecnologia ou nos dispositivos, que são periféricos e perecíveis.  Vale a velha dica do cuidado ao comer doce para não se lambuzar. Quanto ao doce, se suja a roupa ou o corpo, água resolve. Já o perigo do uso excessivo dos dispositivos é a dependência química gerada no cérebro, que gera improdutividade e transtornos graves. E para o vício, será preciso mais que água, e sim tratamento.  O jeito é se adaptar e reeducar o composto cérebro-mente-comportamento.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domNato.com.br

terça-feira, 13 de junho de 2017

O QUE VOCÊ QUER SER?
Artigo de Jair Donato 

A renomada obra literária de Lewis Carroll, “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas” (1865), é protagonizada por Alice, uma menina que corre atrás de um coelho esbaforido e cai num país desconhecido. Ao chegar lá, numa encruzilhada e sem saber ao certo para onde ir, ela encontra um gato acomodado e o questiona:
Alice - Poderia me dizer, por favor, qual é o caminho para sair daqui?
Gato - Isso depende muito do lugar para onde você quer ir.
Alice - Não me importa muito onde.
Gato - Nesse caso, não importa por qual caminho você vá.

Nessa historia, dentre os três personagens aqui elucidados, ao considerar uma visão empreendedora, você desejaria ser algum deles? Espero que não. O gato é o tipo que se mostra falso ao exibir um sorriso malicioso. Nas relações humanas, há muita gente circundante que age assim. Já o coelho, esse poderia representar a parte boa de entrar em ação. Só que não. Embora com um relógio na mão, ele corre de um lado para o outro, mas sempre chega atrasado em todos os locais. E, por fim Alice, perdida, que sequer sabe para aonde vai.  Esses personagens representam elementos que minam a autorrealização do indivíduo, como a ignorância, o medo e a preguiça.

É preciso ficar atento sobre atrás de que você corre. Primeiro, é bom que você atraia e não se esfole em torno do que você quer. Contudo, é necessário entender que atrair não é sinônimo de passividade ou comodismo. É empreender pelo esforço e de maneira estratégica. Entrar em movimento sincronizado, com foco e que faça sentido para atingir o que deseja. Difere de quem age a esmo, mesmo que corra. A pesquisa, o estudo, o planejamento e o entendimento são fundamentais para não perder o foco na carreira e na vida. E, por fim evitar a inação. Pois é covardia consigo próprio fadar ao comodismo, à preguiça, e não explorar o potencial latente em si.

Quantos estados de coelhos, gatos e alices você se depara ao seu redor? São personagens também da vida real. Situar-se perante os fatos e o contexto é muito importante para descobrir quem você está sendo e quem deseja se tornar. Afinal, não há ignorância que prevaleça, nem ação que não possa ser orientada, tampouco inatividade que não seja vencida frente ao desejo da mudança. Tudo parte da vontade de mudar e da coragem para fazer.

Saber o objetivo da caminhada que percorremos nesta vida é essencial para cumprir nossa missão. “Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho o levará a lugar nenhum”, disse sabiamente o filósofo chinês Confúcio. Alice não tinha uma direção naquele momento da encruzilhada, o mesmo pode ocorrer na vida do ser humano, caso não tenha um Projeto de Vida. Planejar é antes de tudo, valorizar o tempo.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domnato.com.br

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

QUAL LÂMPADA VOCÊ É?
Artigo de Jair Donato

Você já se atentou para o fato de que a lâmpada só emite calor porque antes ela esquenta? Caso tenha em sua mão uma lâmpada fria, não haverá luz, porque nessa condição não há liberação de energia em forma de calor. O mesmo ocorre quando uma pessoa expressa algo em que ela mesma acredita ou sente, pois tudo acontece antes, nela, como ponto de partida. Analogamente, convivemos com pessoas no cotidiano que se assemelham às lâmpadas frias, gente que age sem emoção e sequer acredita no que diz, tampouco transmite confiança ou gera credibilidade pelo que faz.

Não é difícil constatar esse fato. Lembra-se da última vez que você se expressou explicitamente, com sinceridade? Recorda-se do ambiente e do clima gerado na ocasião? Pode ter sido um pensamento, um sentimento ou mesmo uma palavra, como foi que isso vibrou em você? Através dessa análise poderá perceber a alteração que houve no ritmo da voz, a emoção provocada, se ficou trêmulo ou simplesmente acreditou no que expressou. Descubra o que realmente fez com que você transmitisse confiança. Quando há coerência entre o que você expressa e o que você acredita, sente ou vivencia, é semelhante ao calor que gera aquecimento e irradia luz.

Sabe por que ocorrem tais sensações? Porque você se esquentou antes de transmitir o calor, ou seja, houve verdade, congruência na expressão. Por isso é importante controlar o que se expressa no cotidiano, nas relações interpessoais e nas tomadas de decisão. Pois se o que comunica for de aspecto negativo, se há fricções como momentos de raiva, decepção ou frustração, isso pode esquentar tanto você por dentro, e não apenas alterar a temperatura do corpo, mas altera seu próprio destino, provocando-lhe mágoas e ressentimentos a ponto de queimar-se por internamente, o que não gera energia equilibrada para emitir luz, atraindo doenças de origem psicossomática como resultante desse desequilíbrio.

No entanto, quando as pessoas expressam palavras, sentimentos e pensamentos agradáveis, elogiosos e amáveis, o calor gerado produzirá mais disso, as relações se tornam duradouras e saudáveis, seja no ambiente de trabalho, na família ou no convívio social. Quando há expressão com o intuito de ajudar verdadeiramente o outro, com a vontade de contribuir para o desenvolvimento do próximo, a luz própria de cada um conseguirá iluminar mais do que qualquer irradiação externa que haja no ambiente, sem reflexo ou sombra.

O calor dessa luz pode ser um sorriso verdadeiro, um abraço fraterno, uma palavra encorajadora, um elogio sincero, uma atitude criativa, um pensamento entusiasta, um desejo altruísta, tudo irradia calor e luz. Dentro de uma empresa, aquele que emite o calor que aproxima, consegue exercer liderança que agrega e conduzir equipes produtivas. Saber expressar palavras encorajadoras, adotar postura otimista, agir com naturalidade são maneiras de aquecer os relacionamentos e gerar animosidade.

Atualmente, um dos principais temas trabalhados nas organizações é a humanização no atendimento. O que hoje fideliza o cliente é o atendimento caloroso. Existe uma intensidade variável que é atingida quando o profissional aborda um cliente. Pesquisas mostram que se há animosidade na abordagem, há uma energia de bem-estar e satisfação que perpassa o coração do cliente. Contudo, quando o atendimento é frio, semelhante a uma lâmpada sem calor, não há motivos para que o cliente volte àquele local ou em ser atendido pela mesma pessoa. Da próxima vez que você estabelecer uma comunicação, ansiar por um resultado, e frustrar-se com suas expectativas, perceba se está expressando-se por completo, se emite calor na sua maneira de interagir consigo mesmo, com as pessoas ao seu redor e com meio ambiente em que vive.

O que você tem feito na vida para que seu nome seja lembrado? Você emite energia, calor e luz na maneira como interage e se relaciona com as pessoas e com os seus objetivos? Lembre-se que o filamento ideal que pode aqueçer sua vida está na maneira como você se orienta através da sua atitude e dos próprios atos.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domnato.com.br

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

MERCADO DA DISRUPÇÃO
Artigo de Jair Donato

O que as novas modalidades para os negócios já existentes apresentam ao mercado de trabalho cada vez mais inconstante e competitivo? Ameaças ou oportunidades? É inegável que as diferentes formas de movimentar a economia fazem parte da única certeza que a realidade do mundo descontínuo em que vivemos, que são as mudanças.

Disruptivo torna-se então um termo cujo significado se adequa bem ao cenário atual no mundo dos negócios. Uma inovação disruptiva não é apenas uma revolução. Ela contextualiza um avanço inesperado com forte impacto nos produtos e serviços. Ou seja, quando surge uma nova maneira de desenvolver negócios que ameaça ou até mesmo interrompe o curso normal e cíclico daquilo estabelecido anteriormente, isso causa uma disrupção. Advindo da eletricidade, aquilo que é disruptivo tem como característica o rompimento e a alteração de um estado. No mundo organizacional o termo pode ser atribuído a um serviço ou produto que surge de uma inovação tecnológica capaz de derrubar ou provocar mudanças numa tecnologia que já vem sendo praticada no mercado.

Durante anos, como exemplo, o serviço de táxi se tornou uma alternativa constante na prestação de serviços aos consumidores. Isso durou até que surgisse um aplicativo que mudou esse contexto e passou a desestruturar um meio replicado a décadas. Mas a velocidade das mudanças é um atributo cada vez mais rápido. Talvez eu não fale especificamente do Uber ou do Yet Go, que em breve esses dois também poderão ser superados por outra maneira que mais agrade ao consumidor, talvez até introduzida pelos próprios taxistas. É importante pensar na velocidade em que as mudanças ocorrem e na proporção do surgimento das novas oportunidades. E isso pode ocorrer em todas as áreas, seja nos negócios ou na vida.

Como será que ficaram os fabricantes e vendedores de lampiões a gás quando se propagou pelo Brasil o uso da energia elétrica no início do século XX? Foi também a época em que os bondes deixaram de ser puxados pelos burros em detrimento dos bondes elétricos. Antes, como a americana Ford teve que reagir devido a cultura de não fabricar carros além da cor preta ao ver a GM chegar nos EUA e fabricar carros com cores variadas? As pessoas do cinema mudo tentaram não acreditar na ideia de que o cinema falado vingasse. Quando surgiu a TV, o que disserem os profissionais do rádio? E com o advento da Internet, que sensação permeou nos profissionais do jornal impresso? Como é que ficaram as grandes locadoras de fitas de vídeo e dvds quando surgiram netflix e correlatas?

Não há dúvidas que todos tiveram que passar pelo processo da adaptação, se descongelarem da zona de conforto antes criada para atuarem em novos paradigmas. Há segmentos que aprenderam a conviver com outros, e se dão bem, incorporaram-se. Rádio, TV, jornal impresso e eletrônico, livro impresso e digital se dão bem, cada um com seu espaço. Outros deixaram de existir pela resistência e inadequação. As escolas e professores exímios de datilografia, onde estão? Os hábeis cortadores de cana, em função da informática e das colheitadeiras modernas, tiveram que mudar o curso no mercado de trabalho. Enfrentar as mudanças é um processo doloroso, requer esforço, determinação, reinvenção, mas é indiscutível.

A verdade é que para você se libertar de velhos hábitos exige-se esforço contínuo, será preciso alta performance e muito preparo. Os que não se libertam disso só reclamam. Pode ser que uma parte de você fique indignada com sua decisão de fazer diferente. Mas, é daí que surge a resistência. Uma situação distuptiva não é necessariamente um negócio novo, mas é fundamentalmente fazer algo de maneira diferente e com mais velocidade do que antes. Da TV preto e branco para o surgimento da colorida demorou em torno de 30 anos. Hoje, um aplicativo lançado no mercado é atualizado quase que instantaneamente. Essa é a principal característica das mudanças do passado para o cenário atual, a velocidade.

Disrupção é uma fase de descongelamento para a mudança, a revolução de um paradigma do velho para o novo. E você está preparado para isso? Além de flexibilidade, resiliência e adaptabilidade, quais competências o mercado poderá exigir de você nos próximos anos? Há quem prefere fazer qualquer outra coisa, menos mudar. Afinal, vale bem mais uma postura de reflexão do que de resistência.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domnato.com.br

terça-feira, 18 de outubro de 2016

MEDO MATA
Artigo de Jair Donato

Você tem medo do que? Não tê-lo, a princípio, pode ser um distúrbio. Contudo, o medo, característica que de início é uma defesa do organismo animal e instintivamente resguarda a vida, no homem pode ser a porta para o fracasso pessoal se não for gerido pelo equilíbrio, levando-o a proporções diagnosticadas como transtorno psíquico. Medo é mecanismo de defesa, ele livra o indivíduo, o defende, mas se não for exteriorizado na medida do equilíbrio, pode igualmente aprisiona-lo.

Imagine agora se você estivesse no lugar de um antílope numa savana na mira faminta de um leão. Como você reagiria? É assim que a presa alvo do felino se encontra, pastando num descampado, quando subitamente ouve o rugido de um leão? Talvez, por medo, achar que empreender numa fuga para bem longe e do lado contrário ao rugido poderia ser uma boa saída. Aí está o engano. A fuga por medo talvez não seja componente de autopreservação. O escritor Emmett Murphy descreve o que ocorre com o animal quando ele deixa de enfrentar e foge pelo medo instintivo para o outro lado de onde surgiu o som estridente do leão. Essa é a hora em que ele cai na boca das leoas. É isso mesmo.

Fugir da ameaça estratégica feita pelo leão é ir para a trilha da morte. O medo provoca esse tipo de reação. Pois é dessa maneira que os caçadores esperam que a presa caia na armadilha. O macho do bando faz isso com o apoio das leoas que ficam na rota de fuga do antílope. Elas atacam e todos se beneficiam tendo a frágil presa como alimento. Analogamente, o indivíduo também faz escolhas, para saídas seguras ou para armadilhas ocultas. E o medo pode fazê-lo perder as saídas seguras. Quantas pessoas, pelo medo de empreender numa ideia, correm para as amarras do fracasso? Isso não significa que o indivíduo deva ser inconsequente em nome de uma suposta audácia. Ser corajoso não é sinônimo de não ter medo, apenas representa equilíbrio no enfrentamento.

A savana, por vezes íngreme, representa o mercado competitivo, escasso e cheio de artimanhas em que atuamos. E o que representa o rugido do leão para você? A crise financeira? A falta de oportunidade no mercado de trabalho? Seu relacionamento afetivo ou no trabalho com os colegas? É importante mapear tudo isso, conhecer os pontos fracos e os fortes, saber quais são as oportunidade e ameaças que circundam sua vida. Ousar e avançar corajosamente, mesmo com determinada precaução, é dosar o fator medo. Isso é benéfico e trás equilíbrio.

Há nessa competição um componente fundamental para que você possa enfrentar todos os rugidos e sobreviver na savana da vida. São as competências que você possui ou que possa desenvolvê-las para se sobressair bem nesse contexto. Pois, quem permanecer na zona de conforto por medo de tentar o novo  ou o diferente, facilmente será engolido pelas garras da crise permeada por ele mesmo.

No mundo externo existem diversas ameaças, sem dúvida, como no contexto interno de cada um também. Talvez, a melhor habilidade esteja no discernimento para saber quando e como enfrentar cada uma das adversidades, no tempo e com as estratégias adequadas para não ser engolidos por elas. E o medo? Não deseje eliminá-lo, tampouco se aprisione a ele. Conforme a sabedoria budista, a melhor saída é buscar o caminho do meio.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domnato.com.br

terça-feira, 11 de outubro de 2016

SUA GESTÃO É ESTRATÉGICA?
Artigo de Jair Donato

Na gestão organizacional todo movimento precisa ter foco, e antes de tomar uma decisão, entender o contexto é primordial para obter melhores resultados. Conta-se que certa ocasião uma empresa entendeu que estava na hora de mudar o estilo de gestão. Então foi contratado um novo gerente geral para que ele implementasse a mudança almejada. O recém-chegado veio determinado a agitar as bases e tornar a empresa mais produtiva. No primeiro dia, acompanhado dos membros de uma comissão formada por ele, fez uma inspeção nas diversas áreas da empresa. Quando a comitiva chegou ao armazém era momento em que todos por lá estavam trabalhando, exceto um rapaz novo que estava encostado na parede, sem executar nenhuma atividade e com as mãos no bolso. Isso incomodou o gerente.

Vendo ali uma boa oportunidade para demonstrar a nova filosofia de trabalho, o gerente novato assim questionou rapaz: Quanto é que você ganha por mês? - Trezentos reais, por quê? - respondeu o rapaz sem saber do que se tratava. Rapidamente, o gestor tirou a quantia dita pelo transeunte e deu a ele, dizendo-lhe: - Aqui está o seu salário deste mês. Agora desapareça e não volte aqui na empresa nunca mais, não precisamos de você. O rapaz guardou o dinheiro e saiu conforme a ordem recebida.

O gerente então, enchendo o peito, perguntou ao grupo de trabalhadores ali presente, se alguém dentre eles sabia o que aquele tipo fazia ali sem executar nada, e qual seria a função dele no setor. Ao que lhe responderam atônitos: - Sim Senhor, o conhecemos, ele é o entregador de pizza, apenas veio fazer uma entrega e estava aguardando para receber o que deviam a ele. Foi nesse instante que o gerente apavorado percebeu o que fez. Aí está o resultado de um estilo de gestão que faltou inteligência, e deu prejuízo.

O gestor insensato age assim. Ele confunde inovação com arbitrariedade. Pelo erro de não levantar informações mensuráveis e checa-las com antecedência, comete sandices em nome da criatividade e da eficácia. Não basta dar arrancada sem rumo, sem foco, pois isso não é um estilo estratégico na gestão. Como consultor de pessoas, percebo que as empresas não podem ficar paradas no tempo sem investir em treinamento e desenvolvimento de pessoas, novos processos, tecnologia e em novas políticas de gestão. No entanto, não é sábio quando o gestor age por impulso da mesma maneira que resolve aderir a qualquer novidade apenas para se inserir no contexto da competitividade. É preciso agir de forma racional e comedida.

Se o gestor gere só na boa intenção, no achismo ou pelo impulso, sem planejamento ou diretriz, pode ter resultados desastrados. Até mesmo características subjetivas como a criatividade e a flexibilidade precisam de foco e direcionamento. Dificilmente uma decisão tomada por impulso pode ser acertada, sem que antes haja uma reflexão sobre os possíveis impactos que ela pode provocar. Perguntar mais, investigar melhor, conhecer bem o contexto e o ambiente são condições mínimas para evitar perda de dinheiro, de tempo e gasto da imagem tanto do profissional quanto da organização.

Há que se pensar no resultado prático de qualquer ação ou atitude antes de implantá-la na empresa, assim como na vida. O que você pretende com a nova ação? Qual é o impacto que tal ação deve ter na equipe e nos clientes? Como vai medir os resultados? Descubra se você está investindo ou gastando. Mais do que uma mudança, o importante é a forma como ela é praticada e entendida. Resta saber se o que você faz tem sido mesmo estratégico. Pois bons resultados só se originam por meio de estratégias inteligentes.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domnato.com.br

terça-feira, 4 de outubro de 2016

AMOR E ÓDIO
Artigo de Jair Donato

Que estranho sentimento é o ódio. Ele parece inerente ao ser humano. E que por vezes coloca em risco a saúde dele em todas as dimensões, até a própria vida. É algo que corrói por dentro. Ódio é pulsão de morte. Mantê-lo silenciosamente é uma forma de suicídio lento. Quem odeia até pode ter razão por isso, mas fica desprovido da leveza na consciência. Seria o ódio algo aprendido? E o amor, passaria também por essa via de aprendizagem?

Amor, nobre sentimento para muitos, permeia em tantas dimensões que se confunde com apego, ciúme, desejo de posse, superproteção, até chegar aos patamares da escala humanista e fraternal. É quando ele se mostra desprovido da satisfação apenas do interesse individual. Talvez, essa última escala seja o privilégio de poucos, mas consta no registro da história da humanidade como um estado que categoriza alto grau de maturidade de quem o pratica.

O ódio é algo que pode revelar muito sobre o indivíduo que o mantém e bem pouco sobre o objeto que ele odeia. Seja amor ou ódio, quando o indivíduo expressa um desses conteúdos, o que vai para os outros é apenas uma cópia, pois o original fica sempre dentre dele mesmo. A bala de um fuzil, por exemplo, embora seja veloz ao atingir o alvo, antes de chegar lá ela rompe o próprio cartucho. Ou seja, qualquer emoção ou sentimento que se tenha pelo outro ou em relação a ele, antes, ocorre no próprio sujeito.

Ao considerar os impactos de um sentimento em detrimento ao outro, pode-se observar que a pessoa que mais odeia do que ama, é carente de racionalidade. Pois os malefícios derivados pelo arraigamento dessa circunstância são amargos.  Pesquisas conduzidas pelo dr. Frederic Luskin, psicólogo americano criador do Projeto para o Perdão, da Universidade de Stanford, mostram que culpar os outros ou apegar-se às mágoas estimulam o organismo a liberar na corrente sanguínea as mesmas substâncias químicas associadas ao stress que prejudicam o corpo. E com o tempo, o acúmulo de compostos nocivos gerados por esses sentimentos causa danos ao sistema nervoso, diminuindo a imunidade. Segundo ele, o ato de desculpar as pessoas, desencadeia-se uma reação que mantém o bem-estar, garantindo o controle das doenças.

Há quem justifica o próprio ódio com o fato de que o outro o odeia. Será mesmo que não haveria nessa situação um grau mínimo de inteligência? Não seria isso semelhante a alguém tomar uma taça de veneno e esperar que o outro morra? O conferencista espírita Divaldo Pereira Franco elucida poeticamente que “o mal que me fazem não me faz mal. O mal que me faz mal é o mal que eu faço, porque me torna mal”.

Observa-se que as relações biopsicossociais do indivíduo também são fatores preponderantes no aprendizado desde a infância, para que uma pessoa aprenda mais a amar ou a odiar. Uma criança judia, por exemplo, ainda na barriga da mãe aprende a odiar a criança árabe, devido ao conflito secular entre israelenses e palestinos, embora isso não signifique que esse ódio seja permeado igualmente em todas elas.

Assim como as relações afetivas recebidas da família desde pequeno são fortes referências para que o sentimento de amor seja expresso nas pessoas, embora não seja em todos os casos. Há também quem cresce em ambientes ásperos, sem expressões de amabilidade, e aprendem a amar. Em ambas as situações, o que ocorre pode ser um misto de condições de aprendizagem com características inatas.

Enfim, amor e ódio podem ser análogos a uma moeda que possui duas faces, cara e coroa. Qual dessas facetas será a que mais prevalece no ser humano? Simbolicamente, esta moeda parece percorrer a existência humana. Contudo, dizer que alguém ama o tempo inteiro ou que odeia a todo o momento poderia ser extremismo. Será cada um que poderá responder a essa questão, pois vai depender do indivíduo, qual dos dois sentimentos ele vai alimentar na maior parte da vida dele. Como reflexão, vale apena pensar numa das vias que melhor pode canalizar e expressar o amor e quem sabe, evitar o amargor do ódio: é o aumento do quociente emocional. E isso pode ser aprendido diariamente. Vale apena investir.


Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida.  E-mail: jair@domnato.com.br